
CASA DO MÉDIUM ORIENTE
Charuto, Cigarro e Bebida na Umbanda
Charuto, Bebida e Cigarro são coisas de encarnados

Em primeiro lugar gostaríamos de deixar claro que este texto não tem a intenção de desrespeitar qualquer irmão umbandista que entenda o contrario do que aqui está escrito. Não possuímos a verdade absoluta e nem pretendemos ter, não queremos desdizer o que foi dito e muito menos estabelecer qualquer senso de superioridade ou sectarismo religioso. Respeitamos todas as agremiações umbandistas e suas práticas. O que escrevemos é simplesmente o resultado de muitos estudos na área da espiritualidade, livros, vídeos, cursos etc., bem como aquilo que aprendemos na prática, no dia a dia de terreiro e no trabalho direto com as coisas da espiritualidade. Isto posto, podemos falar sobre o uso do charuto, bebida e cigarro na Umbanda.
De maneira a esclarecer o porquê deste texto, começamos expondo a problemática que envolve a bebida, o cigarro e charuto na Umbanda. Temos ouvido muitos questionamentos em torno do tema. Muitos irmãos médiuns e consulentes vem até nós pedindo esclarecimentos sobre o assunto. Entre algumas perguntas podemos destacar: Para que serve o cigarro, a bebida e o charuto na Umbanda? É necessário seu uso? Faz mal? Faz bem? Posso trabalhar sem?
Sabemos de fato que muito centros ou casas que denominam-se umbandistas utilizam destes elementos nas engiras. E que apesar de ser uma coisa tão comum dentro da Umbanda ainda existe muito preconceito, dúvidas e desconhecimento sobre o assunto.
Pois bem, quando pensamos na utilização de materiais nos trabalhos de Umbanda, precisamos sempre pensar que estamos utilizando elementos, manipulando elementos com algum fim especifico. Em geral, nos trabalhos de Umbanda, com a ajuda de elementos materiais, realizamos (guias e médiuns) cura, descarrego, abertura de caminhos, desmanches de magia, desobsessões limpeza e equilíbrio energético do consulente. Além disso, é claro, alguns elementos podem auxiliar no estado alterado de consciência, ajudando na incorporação e modificando sintonias vibratórias. Sendo assim, o uso dos elementos é algo comum na Umbanda. Contudo, devemos sempre utilizar o bom senso, o senso critico, o equilíbrio, ter esse uso extremamente fundamentado em estudos e nunca nos fecharmos às mudanças. Então, o que os estudos nos indicam sobre o Charuto, Bebida e Cigarro?
Para responder a pergunta anterior, devemos fazer um questionamento: Espíritos precisam de Charuto, Bebida e Cigarro? A resposta é um claro e obvio NÃO. Charuto, Bebida e Cigarro são coisas de encarnados. Espíritos não precisam mais disso para viver no mundo dos espíritos. Não precisam disso para realizar os trabalhos espirituais. Entidade que diz que precisa disso, que necessita sempre disso para trabalhar não é um espírito esclarecido e pode estar viciado em coisas dos encarnados, coisas que deveriam ter ficado para trás a muito tempo. Se o médium diz que o espírito sempre precisa disso, tanto o médium quanto o espírito não são esclarecidos, pois médium nenhum precisa de Charuto, Bebida e Cigarro para trabalhar com sua entidade. Aliás, nenhum ritual dentro da Umbanda é necessário para o trabalho de cura, descarrego, abertura de caminhos, desobsessão e etc. Os rituais nada mais são do que ferramentas que ajudam no trabalho espiritual. Os rituais, incluindo o uso dos elementos, são apoios vibratórios muito uteis, mesmo assim isso não significa que tudo pode ser usado indiscriminadamente. Muita coisa pode ser dispensada, isso inclui o cigarro.
Cigarro: fumo feito do tabaco com centenas de aditivos químicos, industrialmente produzido. Elemento tóxico, cancerígeno que causa inúmeras doenças. Antisocial, fedorento , viciante e extremamente prejudicial a saúde. Preciso falar mais alguma coisa? Que proveito teríamos do cigarro no trabalho espiritual? Podemos dizer com segurança e objetividade que o uso deste elemento pode ser totalmente descartado da Umbanda. Sei que muitos centros umbandistas utilizam o cigarro para agradar os exus, as pombogiras e outras entidades. Irmãos, pensemos sem preconceito, sem criar senso de superioridade, sem julgamentos: O cigarro é tão necessário assim? Não poderia os amigos espirituais realizar seus trabalhos sem estar pitando um cigarro ou cigarrilha? Se até mesmo os encarnados estão deixando o cigarro para trás, por que os espíritos vão manter esses hábitos?
Diferentemente do cigarro o charuto até pode ser usado na Umbanda. Entendamos. O que procuramos quando utilizamos o charuto é a sua fumaça (elemento ígneo). O Charuto é feito do tabaco e contém muito menos elementos químicos que o cigarro. Muito menos porque desde o seu processo de plantio até a embalagem não é possível afirmar com certeza que nenhum produto químico foi usado na sua produção. Mas, partindo do pressuposto que o charuto é menos tóxico, sua fumaça, proveniente da queima do tabaco (erva de limpeza), pode ser usado para limpeza e desinfecção de energias deletérias agregadas no campo astral do consulente, sendo então um elemento útil para os trabalhos de Umbanda.
Ainda assim, devemos ter bom senso no seu uso, pois muitas pessoas não gostam do cheiro do charuto. Diga-se de passagem, alguns acham extremamente desconfortável o cheiro do charuto. Então o médium, bem como a entidade, não precisam passar a sessão toda usando o charuto. Lembramos que nem todo mundo precisa do mesmo remédio. Temos conhecimento que em algumas casas as pessoas não conseguem nem respirar de tanta fumaça de charuto. Temos relatos de dores de cabeça, náuseas, tosses e mal estar devido ao uso exagerado deste elemento. Médiuns que não gostam do fumo, passam horas com charutos acesos e só trabalham se tiverem o charuto do lado. Assim, recomendamos que se o charuto for utilizado nas engiras, que ele seja acesso não para todos os médiuns, mas somente para aqueles que realmente vão precisar, pois a limpeza e desinfecção astral ocorre sem charuto. Ou então que o charuto seja aceso e deixe-o num lugar estratégico, onde os médiuns poderão utilizar esse elemento quando for necessário. Um lembrete importante aos irmãos umbandistas: Charuto não se traga.
Salientamos que o charuto pode ser substituído pela queima de ervas. Isso mesmo. A defumação da conta do recado sem precisar acender nenhum charuto. Aqueles irmãos que acham que o fumo é necessário e indispensável, recomendamos que utilize um palheiro feito com ervas de defumação. Não vamos entrar em detalhes de como se produz um palheiro, existe muito disso na literatura. Mas posso garantir que um palheiro com as ervas certas é tão ou mais eficiente que um charuto.
Nosso próximo assunto é a bebida. Importante sempre de dar o contexto social do elemento antes de entrar propriamente no seu contexto espiritual, pois a Umbanda, no nosso entendimento é cidadã e respeita a sociedade.
Em verdade, a bebida alcoólica não é um elemento aceito por muitas pessoas. A que se dizer que grande parte considera a bebida o alcoólica uma droga licita, um tipo de veneno viciante que causa grande prejuízo a sociedade. Seu uso é condenado em varias religiões e até demonizado por algumas.
Espiritualmente falando, se considerarmos a literatura em geral, a bebida também não é boa coisa. Na literatura espiritualista é fácil encontrar um espírito vampiro e obsessor ligado a um encarnado que gosta de beber. Não falamos nem de alcoólatras, um simples gole pode atrair espíritos viciados em bebida, abrindo campo para as mais diversas trocas fluídicas prejudiciais. Os encarnados que gostam de beber são chamados de “canecos vivos”.
Ainda assim irmãos, devemos ter cuidado com os julgamentos apressados. A bebida pode sim ser utilizada na Umbanda. A bebida, seja cachaça, vinho, cerveja, espumante, destilados em geral é comum em muitos centros de Umbanda. Quando falamos do uso deste elemento, devemos pensar no álcool contido nesses líquidos. É do álcool que nós utilizamos no trabalho. O Álcool é um elemento extremamente volátil, desinfetador, limpador. Serve então para a limpeza astral.
Muitos ainda dirão, a bebida pode ser utilizada para ajudar na incorporação, para ajudar na limpeza dos rins, do estomago e que toda bebida consumida na engira pelo médium é levada embora pela entidade, serve para excitar o cérebro e liberar substâncias que ajudam no trabalho, fixam vibrações, dão força e energia para as a entidades. Irmãos, com todo respeito e utilizando da liberdade de opinião, sem julgar se isto está certo ou errado, dizemos que não concordamos com essas afirmações. O álcool pode sim ser utilizado pelas entidades, na sua contraparte etérica para a limpeza astral sem que o médium precise bebê-lo.
Podemos estar contrariando muitos irmãos umbandistas, mas entendemos que o médium não deve beber e nem colocar na boca bebidas alcoólicas. Beber na sessão é correr o risco de ficar bêbado, de atrair espíritos indesejados, de ficar cheirando a bebida alcoólica, de degustar alguma coisa que talvez não goste (nem todo mundo gosta de bebida). Pensemos, numa gira com dezenas de médiuns, será que todos que bebem processam o álcool no seu organismo da mesma forma?
Dessa forma, recomendamos que se quiser utilizar álcool nos trabalhos coloque um pouco de marafo em pontos estratégicos, como a tranqueira e o congá e as entidades utilizaram, se precisarem, da energia do álcool do mesmo jeito. Para aqueles que desejarem não utilizar bebida, optem pelo álcool de cozinha. Isso mesmo, o álcool de cozinha com um pouco de água no lugar certo funciona tanto quanto uma garrafa cheia de cachaça. Não precisamos dizer que NÃO é para beber álcool de cozinha. A manipulação é astral, energética, no plano dos espíritos.
Importante destacar, irmãos, que na casa que trabalhamos, os médiuns nunca fumaram cigarros, não têm o costume de utilizar charuto e utilizamos a cachaça somente na tronqueira do exu ou em pontos estratégicos. Mesmo assim, as entidades nunca nos abandonaram, as incorporações sempre aconteceram sem problemas, a cura, a abertura de caminhos, os descarregos acontecem normalmente, tudo funciona normalmente. E assim é em muitas casas de Umbanda. O álcool e o fumo passam longe. Portanto, podemos não utilizar esses elementos e trabalhar com sucesso da mesma forma.
Finalizando, gostaríamos de repetir que não somos os donos da verdade, o que queremos é que estes elementos sejam utilizados de maneira equilibrada dentro dos trabalhos de Umbanda, o que parece não acontecer dentro de muitas casas de Umbanda que temos notícias, onde os médiuns incorporados fazem fila para ir no banheiro e as pessoas voltam para casa cheirando a cigarro. Onde muitos médiuns aspergem cachaça nos consulentes que vão embora babados e com cheiro de cachaça. Onde o caboclo ou exu mais forte é aquele que consegue tomar muito trago e não ficar bêbado. Respeitemos a inteligência das pessoas.
Lembramos, se não tiver caridade e amor nos trabalhos, respeito a lei da ação e reação, não importa a quantidade de rituais, o trabalho sempre será deficiente. Esperamos ter contribuído para o esclarecimento sobre esse assunto.
Que Oxalá nos abençoe e que nos permita sempre evoluir, estudar, conversar e manter a mente aberta sobre todos os assuntos.
Daniel Pires
Biólogo e médium da casa
Casa do Medium Oriente
Fone: 51 3398-1607